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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Falemos sobre... Perdoa-me Por Me Traíres!!

Já tem 1 ano que eu não público uma "crítica" minha... isso se deu por N fatores, o principal deles é que tenho trabalhado muito e não tenho tido muito tempo! No entanto hoje eu fui "convocado" a escrever por conta de um post que fiz no Facebook que algumas pessoas não gostaram sejamos econômicos e não nos estendamos neste assunto. Que sirva de desculpa para que eu possa escrever mais.

Hoje fui assistir a peça "Perdoa-me por me Traíres" do Grupo Teatro Kaô de São Mateus/ES no Cursinho Alternativo durante a 2ª Mostra Cênica. Antes tinha assistido o excelente Vidas Secas no SESI durante a mesma mostra, depois irei escrever sobre essa obra prima, mas voltemos ao Nelson Rodrigues.

Primeiramente é bem complicado escrever algo sobre um espetáculo que não se viu inteiro, sinceramente não consegui foram poucas as vezes que isso me aconteceu, na verdade hoje foi a quinta vez. Falarei então do primeiro ato da obra, pois foi única que vi em sua plenitude.
Kaô na gíria popular tem significado de algo que se assemelha a uma mentira mal contada, sacanagem, tentando passar a perna e foi exatamente assim que me senti durante o tempo que passei na sala de apresentações, infelizmente. Digo isso porque tenho profundo apreço pelo texto uma vez que em 2011 participei de uma montagem do mesmo (como ator no Grupo Ibilce (En)Cena).

A montagem realizada pelo grupo do Espírito Santo é bastante disforme apostando em elementos desconexos e dissonantes. A luz era de serviço o tempo todo com um set light afinado para cima o que deu um aspecto de ensaio para a apresentação (até poderia ser interessante se bem trabalhado), o cenário era composto de algumas cadeiras e um ou outro elemento que entrava de acordo com o decorrer das cenas, mas sem nenhum tratamento estético o que aumenta a sensação de ensaio dando um retoque de "improvisado", figurinos: alguns atores com e outros todos de preto, musicas que não condizem com a tensão que o texto propõe, hora tocadas ao vivo e em outros momentos nas caixas de som.

Tudo isso poderia ser irrelevante se tivéssemos um elenco que segurasse a bronca e uma direção criativa, mas não é o caso. Os atores e atrizes são frágeis, por vezes recorrendo ao grito e à esteriótipos para se expressarem e ainda parecem não saber ao certo o que fazer com as mãos e/ou se aterrarem.

Isso tudo são questões de direção que a meu ver ainda comete dois últimos "equívocos" o primeiro é utilizar do texto ipsis litteris, tal qual foi escrito, isso provoca um gigantesco distanciamento da obra além de não dar dinamicidade para a obra que eu particularmente prefiro.

Agora a grande questão e que de fato me fez sair da sala foi conteúdo machista e racista impresso pela encenação. O texto por si só já têm um conteúdo machista, mas a direção amplificou esse viés ao estereotipar as personagens gays e também ao acrescentar na cena do aborto figuras que ao que me pareceu serviam apenas para tentar causar algum tipo de graça.

Racista por dois momentos, primeiro quando a menina estuprada é a negra enquanto a branca dá risadas e segundo quando, novamente na cena do aborto, aparece um médico negro com uma bata branca (que me pareceu ser do candomblé, num deu pra ver direito) para matar a menina branca de "boa família". Neste momento eu não aguentei e resolvi sair da sala de apresentações!

Por Fim... Toda vez que vamos ao teatro vamos com o coração aberto para gostar das obras, ninguém vai ao teatro para não gostar de algo. Felizmente não gostamos de 100% do que assistimos, imagina que chato seria a vida se ela fosse maravilhosa tal qual nos é passado pelas redes sociais. Por fim que nós possamos cometer mais "sincericídios" eles podem nos levar a lugares inexplorados e nada é mais fascinante do que o inexplorado!

Desde já agradeço... Lawrence Garcia

quarta-feira, 2 de março de 2016

Falemos sobre... Homem do Princípio ao Fim!!

Isso aqui tava muito parado... então resolvi publicar uma impressão (acho que nesse caso é crítica mesmo porque o cara "manja dos paranauê") do Walter Paiva sobre o Homem do Princípio ao Fim.
Ele assistiu o espetáculo em 2014 no Festival de Hortolândia!!

Se você também já assistiu um espetáculo nosso (Cia. Apocalíptica) e quer escrever algo fique a vontade e por favor nos mande pelo e-mail: contato@ciaapocaliptica.com ficaremos mais do que felizes em publicar aqui!!

UM SENHOR ESPETÁCULO DO PRINCÍPIO AO FIM 
Por Walter Paiva (Diretor/Dramaturgo/Ator de Sumaré/SP) 

Caracterizada como uma comédia dramática irresponsável, esta obra de Millôr Fernandes se supera na direção de Lawrence Garcia contando com Carolina Campos, Danilo Melo e Tiago Augusto Lima no elenco, cuja aposta no teatro de pura interpretação se faz mister com aquela coisa do olho-no-olho, do dedo na ferida e nas axilas do público.
A Cia Apocalíptica, de São José do Rio Preto/SP., ousou desafiar a genialidade de Millôr ao montar este texto que, via de regra, soa panfletário e sem graça quando interpretado por quem não sabe o que está fazendo no palco. Seu humor audaciosamente crítico e até poético exige competência e sensibilidade que poucos dominam. Poucos como esta trupe.

Em uma hora e vinte de apresentação, o trio elenco da Cia Apocalíptica se desdobra em aproximadamente vinte personagens diversos. Às vezes, se tem a sensação de mais de cem performances, contandose as tiradas rápidas. E a armadilha mais comum neste tipo de trabalho cênico é nivelar – normalmente, por baixo – o brilho de cada personagem pelo receio de se comprometer o todo.

Carolina, Danilo e Tiago escapam disso. Pelo contrário, vão dos clássicos aos contemporâneos com seus personagens vivos como tornados absorvendo a plateia. Sem desrespeitar as batutas do autor e do diretor, eles conseguem surpreender em cada risada, cada suspiro e cada pulsação do espetáculo, fazendo dele algo que realmente vale a pena ver e rever.
Pérolas do trabalho? Vamos começar do início onde não há nada. Isso mesmo: nada. Veem-se três cadeiras com os três atores absortos no nada. Isto já torna a inquietação do público visível enquanto se acomoda.

Então a loucura se ilumina e impõe o ritmo do jogo. Chega-se à pilhéria de solicitarem ao público que tirem fotos com flashes e que mantenham os celulares ligados.
Nem o Todo-Poderoso escapa com Carolina Campos lhe dando uma rajada de palpites para criar Adão. A piada é velha mas funciona no ringue agudo dela. Outros momentos preciosos da atriz se dão na pele da megera shakespereana Catarina, nas palavras desencontradas de “Ulisses” de James Joyce e no estigma do 11 de Setembro, já nos momentos finais da peça. As maldições da sua Rainha Elizabeth, então, dá até medo.

Danilo Melo, por sua vez, encanta na saudade pelo aparte de Cornélio Pena, nos fazendo suspirar docemente pensando em nossas sagradas mães e nos remetendo na sua deslumbrante cena seguinte à famigerada condição de mortais solitários com seu Ricardo II. Impossível ir para casa sem lembrar-se de seu colorido no “Toda criatura precisa da ajuda dos outros” e na sua interpretação da carta fatídica de Getúlio Vargas.

O Adão vivido por Tiago Lima nos faz crer que tudo começou errado. O homem como um projeto que não deu certo, mesmo. Uma grande piada. Sua atuação como Arnolfo só enfatiza essa premissa.  Sobre a morte de Marilyn Monroe e quanto a “A Última Flor”, de James Thurber, Lima nos presenteia com momentos poeticamente tocantes, inclusive em outros com seu violão, dandose a sensação que você vai embora para casa um tanto quanto mais humano.
Mas, não bastasse a grandiosidade dos momentos solo, é de se cair o queixo com os três interagindo, se enfrentando, se apaixonando, se buscando e se transformando. Um pingue-pongue nos diálogos, inclusive nos não verbais e na interatividade com o público, onde nem as reticências se perdem. Destacam-se aí as cenas de Catarina e Petruquio, a da Escola de Mulheres e a da A Última Flor, sem falar na tão alentadora cena Ser Gagá É... E como a maior parte do espetáculo se alicerça nesta dinâmica, o que se tem é um show de interpretação do início ao fim.


Lawrence Garcia foi muito feliz na direção do trabalho, com marcações limpas e aproveitando bem o preparo corporal dos atores, encorajando-os a criar e a encontrar os personagens pelos seus próprios caminhos. Ousou na carpintaria teatral e adaptação do texto, conseguindo marcar sua assinatura sem macular a obra de Millôr. Pelo contrário, valorizou-a. Sua aposta na iluminação e na sonoplastia dá um sabor acústico primoroso à peça.
É de se referir ao trabalho como a um delicioso, cativante e emblemático labirinto da existência humana. Como já disse no título, um Senhor espetáculo do princípio ao fim!

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Falemos sobre... Cícero!!

Dia 13 de Fevereiro fui assistir no teatro Nelson Castro a peça Cícero da Cia. Varal da Varanda que valeu pela contrapartida do Prêmio de Fomento Nelson Seixas de 2014.
Bom... antes de começar a escrever quero relembrar que esse não é um blog sobre criticas teatrais são apenas impressões escritas para que eu possa exercitar o meu senso crítico, lembrar melhor sobre as peças que assisti e poder estudar melhor futuramente. Também é importante falar que tudo aqui passa por um crivo de gosto pessoal atual e que eu gostar ou não de uma obra não deveria ser relevante pra mais ninguém além de eu mesmo.

Começando então.
Eu não tenho contato nenhum com essa companhia apenas vejo suas movimentações online e eles são bastante ativos, já é a segunda vez que ganham o prêmio Nelson Seixas em 3 anos, se não me engano (O Menino que Virou Peixe e Cícero), fazem diversos cursos/oficinas e exposições em sua sede na Boa Vista e por vezes os vejo participando de alguns festivais pela cidade.
Eles trabalham com Mascaras e com Comédia Dell'Arte e eu particularmente não gosto de nenhum dos dois movimentos: a mascara porque tira/engessa a expressão do ator (um das coisas fundamentais para a construção cênica) jogando-a para o corpo e a voz deixando tudo extremamente caricato e sem ritimo (pelo menos nas peças que vi até agora) e também num gosto de comédia dell'arte porque nunca tem nada de novo, nunca saí deslocado após ver um espetáculo desse gênero (novamente a partir de tudo que vi até agora).

Mas eu gosto muito de biografias então resolvi ir assistir e também porque fevereiro é muito parado de teatro e eu tava querendo ver algo. Eu vou falar das coisas que acho complicadas pra depois falar das que acho interessantes e terminar mais feliz dessa vez!!

Pra mim as coisas mais complicadas são a iluminação, o uso do microfone e lanternas, algumas tentativas de piadinhas políticas...
A iluminação não faz sentido pra mim, o uso de sombra chinesa é extremamente equivocado e a impressão que tenho é que quiseram usar todas as gelatinas disponíveis menos as que de fato fariam sentido (ambar, amarelo, chocolate, café) estamos falando do Crato e do Cariri no final do século XIX ínicio do sec XX uma região árida, pobre, de dificil acesso e a iluminação enquanto dramaturgia poderia muito bem contribuir nessa ambientação e ao invés disso o que vemos é um show de cores (verde, vermelho, azul de diferentes tonalidades, congo) então pra mim pecou bastante.
Sobre os microfones: são colocados sem nenhuma finalidade, o elenco tem uma voz potente então não teria pra que colocar microfone e ainda menos um shure sem fio de mão numa peça que se passa no final do século retrasado, quer aumentar o volume da voz quando eles estão no plano super elevado é só colocar um microfone de coral e mesmo assim não teria necessidade devido a potencia da voz de todos. Outra coisa foi a cena das lanternas de mão bem moderninhas no contexto do Cariri século retrasado simplesmente aquela cena não fez sentido nenhum pra mim.
Por fim a dramaturgia pecou muito quando quis fazer piadinha com o momento político atual, estamos numa realidade complexa e complicada e a arte tem uma função importantíssima nesse processo é um momento de politizarmos com nossos espetáculos e não ficar fazendo piadinha infame atacando qualquer um sem contexto e sem quê nem pra que, pra mim o espetáculo caiu num abismo alí que só se recupera na cena do Lampião e da Maria Bonita.

Agora sobre as coisas interessantes:
A Maria Bonita é a personagem mais bem construída e engraçada (veja bem a Maria Bonita e não a Maria Gomes essa é sem graça) rouba a cena de todos a partir do momento que encontra com lampião!
A direção, encenação e os figurinos não comprometem, mas também não são de tirar o folego.
A cenografia é muito bonita, mas eu me perdi um pouco na quantidade e distinção dos elementos (ferro, pvc, madeira e pano) e novamente sem tons pasteis que é o que se esperaria.
A pérola do trabalho é a relação com as mascaras, pra quem gosta, elas são muito bonitas e bem feitas e o trabalho é muito bem executado nesse sentido. Eles são a única companhia da cidade que se propôs a trabalhar exclusivamente com máscaras e comédia dell'arte e apesar de eu não gostar reconheço que é um trabalho importante para que esse tipo de teatro não caia no esquecimento.

Essa foi a primeira apresentação depois da estreia e já posso dizer que é infinitamente melhor que o espetáculo anterior da cia. e talvez possa parecer que eu não gostei por conta da quantidade de texto, mas eu gostei sim, eu não conhecia direito a história do Padre Cícero e foi bom conhece-lo melhor.

Por fim... uma frase que disse pra Paty
Quando a gente vê o Padre Cícero acendendo vela pra ele mesmo é que sabemos que a coisa ta feia...

Desde já agradeço... Lawrence Garcia

São José do Rio Preto, 14 de Fevereiro de 2016

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Falemos sobre... Braseiro!!

A Cia. do Blefe de Araçatuba/SP se apresentou no Festival Em Janeiro Teatro é o Maior Barato no dia 17/01 às 21h. Minha relação com a companhia é através do seu diretor, Mauro Junior, ele era assistente de curadoria no projeto Ademar Guerra no primeiro ano que participei com a Cia. Os Cogitadores.

Braseiro estreou ano passado e até fez um final de semana em São Paulo/SP no novo espaço do Caco Ciocler. A companhia flerta um pouco com o audiovisual e antes mesmo da estreia do espetáculo lançou alguns "teasers" no face todos muito bem produzidos. O próprio espetáculo começa com um curta metragem que se faz como prologo, na verdade se não tivesse não faria diferença, mas é interessante principalmente pela qualidade do video que é bastante cinematográfico (bem diferente do que vi na tarde do mesmo dia).


O cenário é praticamente nulo (um cercado retangular de areia e dois bancos) o figurino assim como a encenação e a atuação são realistas (realista é bem diferente de naturalista) e todos estão muito verdadeiros, muito coerentes. A dramaturgia é boa também nos leva facilmente a mais de cem anos no passado (1910) para mostrar que nossas questões que regem a vida são bem mais antigas do que imaginamos.

Eu demorei quase 10 dias para escrever essa impressão por um simples motivo: A voz do ator principal, era uma voz estranha e metalicamente aguda (por vezes pensei que ele não iria aguentar chegar no final do espetáculo sustentando tudo aquilo, mas a verdade dele foi tão grande que conseguiu); durante esse tempo eu fiquei imaginando se era um equivoco dentro de toda a ambientação ou se era simplesmente fantástica e depois de pensar decidi que é mais um ponto positivo do espetáculo, mas vai causar, compreensivamente, um estranhamento muito grande em algumas pessoas.

Por fim eu tive uma forte impressão de ter visto só o primeiro ato, pois o espetáculo acaba com 45min num rompante e não sabemos como tudo se resolve, aliás nem tudo precisa se resolver, né?

https://www.youtube.com/watch?v=1VlFKMwVz7I

São José do Rio Preto 25 de Janeiro de 2015

Desde já agradeço... Lawrence Garcia

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Falemos sobre... Remetente Gandhi!!

No primeiro dia de qualquer curso de teatro o ministrante sempre pergunta "O que você veio fazer aqui?" quando é um curso avançado as vezes rola a questão "O que você acha que é o Teatro?" tem gente achando que teatro é um monte de coisas ou que precisa de um monte de coisas, pra mim teatro é/precisa de: um bom discurso e bons atores

No dia 17/01 às 15h eu e a Paty fomos assistir o espetáculo Remetente Gandhi no Festival Em Janeiro Teatro é o Maior Barato. Novamente a expectativa foi a vilã. Pensa comigo: um espetáculo contando a vida de Gandhi para crianças. Como não criar expectativas? o discurso por si só já é bom, era só eles terem cuidado com os detalhes e já seria um bom espetáculo.

Acontece que nem todo mundo acha que um bom discurso (que eles tinham) e bons atores (que eles tinham) são suficientes e aí ficam enfeitando colocando umas coisas completamente desnecessárias e acabam estragando tudo. O pessoal da RosaReal Produções resolveu utilizar o audiovisual para contar essa história, eu não sou contra o audiovisual no teatro acredito que bem utilizado PODE contribuir, só que não tem cabimento de ser um espetáculo que coloca como personagem principal um telão! Pra contar sobre a vida de Gandhi!!! SIM DE GANDHI!!!

Não precisa nem falar que deu "pau" no meio da peça e não precisa nem falar que do Gandhi mesmo falaram muito pouco, deram tamanha importancia ao maldito telão que acabaram com o espetáculo, tudo era em volta do telão. Sem contar a fala infantilizada que foi escolhida pelo atores. Eu sou discente em Pedagogia pela Unesp Rio Preto e não só eu como todos os meus professores podemos garantir, criança não é retardada!! O chamado "baby talk" é indicado para crianças até 03 anos (pois facilita a compreenção das palavras e ajuda a criança a começar a falar) e o espetáculo é para a partir de 05 (segundo a produção) portanto não faz sentido aquele jeito de falar e as "macaquisses".

A impressão que eu tanho é que eles não acreditaram na potencia da história (ou que ela seria muito complicada para crianças) e nem na qualidade deles mesmos de conta-la, o que é uma pena, pois eu estava com uma expectativa muito grande para ver um excelente espetáculo.

Só pra finalizar. Eu já vi espetáculos para crianças tratando de Cancer e abuso de menores; sobre guerras; sobre racismo e aceitação o que só prova que essa história não era muito dificil de ser contada, bastava eles acreditarem no próprio potencial.

São José do Rio Preto, 22 de Janeiro de 2016

Desde já agradeço... Lawrence Garcia

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Falemos sobre... Dois Perdidos numa Noite Suja!!

Esse espetáculo se apresentou no dia 15/01 no Festival Em Janeiro Teatro é o Maior Barato às 23h no Centro Cultural Vasco é uma produção da Cia. Teatroendoscopia que se formou a partir de uma turma da ELT (Escola Livre de Teatro de Santo André) uma das melhores instiruições de ensino de artes dramáticas do país, já teve como professores Tó Araújo, Antonio Rogério Toscano e o Luis Fernando Marques entre outros grandes nomes do teatro paulistano.


Eu particularmente gosto muito de Plínio Marcos (autor deste texto) e apesar de ter muita gente que diz que não faz mais sentido monta-lo, eu discordo, ele foi um dramaturgo que escrevia sobre o submundo e revolucionou o teatro brasileiro entre as décadas de 60 e 90 falando sobre o povo brasileiro e suas mazelas numa eterna relação entre oprimido e opressor. Já vi algumas pessoas também dizendo que este texto especificamente é "datado" (1966), mas também não sei principalmente porque dada as devidas proporções, mas o país ideologicamente continua quase o mesmo. No entanto é inegável que qualquer grupo que vá montar um Plínio Marcos deva dar um tratamento dramaturgico para obra.

Esse foi um dos primeiros erros do grupo: A dramaturgia é confusa ao mesmo tempo que eles roubam um celular (artigo que só se popularizou no Brasil a partir do final dos anos 90) eles usam gírias completamente ultrapassadas que faziam sentido em Santos/SP (cidade natal de Plínio) na década de 60 e em mais nenhum outro lugar. Isso fez com que o espetáculo como um todo fosse datado e ao mesmo tempo confuso porque tinha o bendito do celular lá.

O figurino era jeans e camiseta branca (tirando a individualidade de cada persona), o cenário era de paletes que com o passar do tempo eram amontoados (previsível depois do primeiro) reduzindo aos poucos o espaço cênico, não tinha trilha e a luz era geral que ia diminuindo com o passar das cenas ao final eles proõe um efeito de luz que vem de baixo dos paletes, no entanto essa luz tinha um fio que ficava escancarado de onde eu estava (a facilidade que se tem de fazer isso sem fio, com luz de emergencia por exemplo, mostrou o quanto o grupo esta despreocupado com os detalhes)


Faltou a direção e os atores. A direção propõe um espaço alternativo e um espaço cênico reduzido além de um distanciamento Brechtiano o que em teoria poderia ficar fantástico SE os atores conseguissem bancar tal empreitada, como foi dita numa conversa depois da apresentação "Eles estão precisando mesmo é de um Biotonico Fontoura" e é isso...

A espectativa foi a vilã da noite, pra quem quiser conhecer a obra segue o filme de 1970.
Evoé
São José do Rio Preto 18 de Janeiro de 2016

Desde já agradeço... Lawrence Garcia


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Falemos sobre... Mazzaropi, um certo sonhador!!!

Falemos sobre... Mazzaropi, um certo sonhador!!!

Ontem 12/01 fui assistir pela segunda vez o espetáculo Mazzaropi, um certo sonhador da Cia. Arte das Águas de Ibirá/SP. Minha história com essa companhia já é um pouco antiga faz 4 anos exatamente hoje!! No dia 13/01/2012 também no Festival em Janeiro Teatro para Criança é o Maior Barato eu assisti o espetáculo "Apolo, Sir Gaia, Chuvisco e agora Madame Popô" que era uma adaptação do texto O Homem que Amava Caixas e de cara eu já fiquei encantado, era uma mulecada que fazia tudo: atuava, cantava, tocava, bricava, um espetáculo que dá muita saudade.
Depois disso foram vários encontros e parcerias até que resolvemos criar uma mostra juntos os "Amigos em Cena" uma iniciativa fantástica de algumas companhias que se apresentaram lá em Ibirá (eu estava envolvido através da Cia. Os Cogitadores). Depois eles fizeram "Melhor na Boca do Povo do que na Boca da Dita" que era engraçadíssima e já a algum tempo resolveram se investigar através da história do senhor Amacio Mazzaropi.

Confesso que antes de ver o espetáculo pela primeira vez eu não sabia NADA sobre esse importante agente cultural da história brasileira (eu sei, é ridiculo isso... todo mundo deveria saber essa história de trás pra frente, mas num era o meu caso). Fiquei mais uma vez encantado com o que foi posto.

Eu não sei se é uma tendencia, mas me parece que cada vez mais biografias estão sendo colocadas no tablado, assim como musicais (e agora musicais biograficos) aqui mesmo em Rio Preto nos ultimos anos tivemos espetáculos sobre "Trotsky", "Frida Kalo" e "Cascatinha & Inhana". Eu particularmente gosto.

Bom, mas voltemos ao espetáculo de ontem... pra mim não tem grandes coisas a serem trabalhadas não, talvez um pouco do distanciamento no começo: eles mesmos dizem que a vida vai se misturando com a arte e vai se perdendo junto da arte, no entanto quando eles vão falando deles mesmos (ou pelo menos vai parecendo que é deles), para a partir daí criar paralelos dramaturgicos com a história do Mazzaropi, fica um pouco frágil e me perde um pouco (só um pouco) a ponto de que na primeira vez que assisti pensei que não seria necessário, o tempo todo eles estão vivos em cena e são potentes, mas nesses pequenos momentos ainda dá uma perdida (nada grave)

Do resto é tudo muito empolgante a trilha sonora, por exemplo, é tão gostosa que da vontade de gravar no celular e ficar escutando, por falar em musica gosto muito do fato do Zé Maria (o violeiro) não ser apenas o operador do instrumento e ficar lá no canto como mais um objeto do cenário. Ele vai pra cena tanto como "seu Pinto" como o tio do Amacio e as cenas dele com o Victor são hilárias.

Iluminação, Figurinos e Cênario são muito bem pensados e cuidados, mas os destaques mesmo são as interpretações, a trilha e a dramaturgia tudo muito bem dirigido pelo Fabiano Amigucci, sendo assim essa impressão fica por aqui. Fiquei muito feliz por ter assistido de novo e é sempre bom encontrar amigos queridos.

A cultura caipira tem cerca de 300 anos e está cada vez mais esquecida, então cada manifestão que se proponha a evidencia-la já por si só é valida e merece ser apreciada.
PS: A Paty chorou e quando a Paty chora é porque é muito bom!!!

Evoé
São José do Rio Preto, 13 de Janeiro de 2016

Desde já agradeço... Lawrence Garcia